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23 de novembro de 2011

O Mundo Feudal (4ª Parte)

 A crença do povo medieval na existência do Paraíso, a significação do Gênesis para a sociedade feudal, a persuasão religiosa até as peregrinações dos povos da Europa rumo à Terra Santa e os desafios aos quais deparavam.

O sonho do Paraíso

• Durante a Idade Média, a crença na existência do Paraíso bíblico era, de fato, obsessiva e dogmatizada pela maioria da população européia. A sociedade, em suma, realmente acreditava na existência de um paraíso e nos dizeres bíblicos. O sentido da vida dava-se pelo objetivo maior do homem medieval: a salvação da alma e a entrada no Paraíso, onde ele encontraria delícias e farturas.

• Embora, naquela época, a religiosidade do povo fosse extrema e sucinta, a crença no Paraíso também tinha motivações materiais. Entre elas, estavam o modo de vida e as dificuldades dos camponeses que, mesmo com o crescimento econômico iniciado no século XI e a formação das cidades, temiam a fome e a morte por desnutrição. Além disso, havia também as pilhagens provocadas por cavalheiros, as rudimentares condições de conservação dos alimentos, e perturbações naturais, que sempre deixavam o homem em uma situação de desvantagem. Dessa forma, as precárias condições de vida dos trabalhadores levava-os religiosamente ao desejo de fartura e proteção, este era sustentado pela Igreja, o que poderia se dar no Paraíso.

• A principal descrição da primeira morada do homem, segundo o catolicismo cristão, conhecida no livro do Gênesis, era amplamente difundida na sociedade medieval, e continua a inspirar a fé de vários religiosos até os dias de hoje.

Eis, um trecho da descrição do Paraíso segundo o Gênesis:

“Iahweh Deus plantou um jardim em Éden, no Oriente, e aí colocou o homem que modelara. Iahweh Deus fez crescer no solo toda espécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (...) E Iahweh Deus deu ao homem este mandamento: ‘Podes comer de todas as árvores do Jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás que morrer’.”

Imagem ilustrativa do imaginário Paraíso de Éden.

• Na sociedade feudal, a grande maioria dos católicos cristãos era composta por analfabetos, sendo assim, de fácil domínio por quem sabia falar e escrever corretamente, estes os clérigos. Para propagar a fé cristã e instituir-se perante aos fieis, a Igreja, por meio de seus sacerdotes, proferiam pregações e sermões, dominavam a cultura escrita e promoviam missas e festas religiosas. As gravuras, pinturas, vitrais e esculturas das Igrejas também ajudavam a difundir a fé religiosa entre o povo.

A fé nos paraísos

• A forte crença do homem medieval em ganhar o Reino dos Céus, fez com ele dispersa-se em dois caminhos rumo ao Paraíso. O primeiro, acreditava que a conquista do Reino dos Céus seria realizada após o Juízo Final, sendo os justos erguidos para o mais alto ponto do universo celestial, morada de Deus. Ou seja, nessa visão, o Paraíso não estava necessariamente em algum ponto aqui da terra, mas na Jerusalém Celeste. O segundo, consistia uma devoção ‘mais concreta’, em que os fiéis aguardavam o Reino Eterno, mas procuravam na Terra, formas de serem imediatamente recompensados por Deus. Esta procura terrestre eram peregrinações à Terra Santa e lugares sagrados, a busca por restos mortais dos apóstolos e santos ou apenas objetos sagrados. Dessa forma, o cansaço das longas viagens, os perigos, as privações, os flagelos, e de modo geral, todas as dificuldades vividas pelos peregrinos, traduziam-se em sacrifícios e esforços concretos pela fé, sendo desse modo, visionados na conquista do Reino dos Céus. Tais práticas de devoção ultrapassavam os limites estabelecidos ou pretendidos pela Igreja.

Leia também a 5ª parte deste estudo (CLIQUE AQUI)

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