
É claro que o estudante pode aproveitar, por exemplo, vídeo-aulas na internet se um assunto explicado pelo professor do cursinho não ficou claro ou mesmo se o estudante estuda sozinho. Pode também usar de simulados on-line para testar os conhecimentos, mas em ambos os casos deve-se ter muita prudência em como considerar tais recursos. As vídeo-aulas podem ser um recurso interessante, mas jamais considerado único. Isto porque, igualmente é importante entender pela explicação de um professor, é imprescindível aprender na prática embora alguns acreditem que somente assistindo à aula ou vídeo-aula, se consiga guardar o conteúdo. Os simulados on-line merecem ainda mais cautela, principalmente aqueles que anunciam testar mesmo os conhecimentos de um estudante para o ENEM. Na verdade, eles até podem ser usados, mas o estudante precisa ter um bom discernimento do que é um simulado e a prova. Ou mesmo o que é um simulado e o que é um bom simulado. Pois tem simulados por aí que dizem ser idênticos ao ENEM e dão um reflexo exato do desempenho do aluno. E não é bem assim! Há simulados com questões mal formuladas ou que pecam no nível de dificuldade e/ou facilidade. Aqueles que dão uma nota de acordo com o número de acertos, ao invés de se aproximarem do ENEM, se distanciam, uma vez que o método usado no ENEM é a TRI (Teoria de Resposta ao Item), que não calcula a nota do estudante simplesmente de acordo com o tanto que ele acertou, mas vários outros fatores. Até mesmo os simulados que utilizam softwares para calcular a nota do estudante com base no sistema da TRI e a média dos estudantes que fizeram o respectivo simulado não é tão confiável. Pois há uma grande diferença na média nacional que envolve milhões de pessoas de todas as idades, níveis de conhecimento e classe social e aqueles simulados feitos na internet com apenas milhares de inscritos. O ideal é que o estudante repita as provas do próprio ENEM, inclusive se submetendo às condições da prova ou então não faça apenas um, mas vários simulados on-line e que sejam oferecidos por páginas confiáveis.
Há coisas, entretanto, que se deve ignorar totalmente ou pelo menos não considerar como uma "verdade-geral". As propagandas de alguns cursinhos induzem ao erro: se vendem como se garantissem que ao se matricular na respectiva escola, o estudante passaria na prova. Não contam, entretanto, que mais do que se matricular numa escola de pré-vestibular, é fundamental que o aluno tenha compromisso com o estudo, interesse e sabedoria em escolher os recursos e orientações que possam lhe serem mais úteis ou não. Portanto, não é necessariamente estar num cursinho pré-enem e pré-vestibular que garantirá a aprovação do aluno numa universidade, até por que, mesmo com menos recursos há pessoas que vencem o desafio do autodidatismo e são aprovadas, enquanto várias outras que já estão repetindo o cursinho pela 2ª vez, por exemplo, possuem mais dificuldade ou requerem melhor e maior experiência para estudar e lidar com a questão do estudo. Mas voltando à questão da propaganda de certos pré-vestibulares país a fora, ainda que sejam propagandas, deviam ser mais cuidadosas e não enganosas. Há também as reportagens que, mesmo com o cuidado jornalístico, são apenas mais uma pauta pro telejornal. Ou seja, divulgam em massa apenas algumas formas mais conhecidas de se estudar ou fazem entrevistas curtíssimas com três ou quatro dicas de um especialista. E, por isso, igualmente podem induzir ao erro, uma vez que nem todo mundo aprende melhor das formas mais conhecidas. Talvez, o melhor, sem dúvida, seja o próprio estudante descobrir a forma de estudo que lhe agrega mais conhecimento. Pode ser uma forma até original, embora é reconhecível que algumas pessoas possam precisar mais serem instruídas do que auto se instruírem.

Sobre as pessoas que aconselham estudar apenas os conteúdos que se tem mais facilidade ou, outro caso, aqueles que consideram estudar apenas os conteúdos mais relativos à área profissional desejada, também é necessário refletir um pouco a respeito. Passar num vestibular ou conseguir uma boa nota no ENEM para uma universidade pública mais concorrida pode ser impossível se o estudante estudou apenas conteúdos mais fáceis e que, não ao acaso, são mais fáceis justamente por que se trata da área de matérias que o estudante gosta mais e, por vez, tem relação com a profissão que ele deseja. Mesmo em chamadas posteriores da lista de espera do Sisu, por exemplo, são poucas as universidades federais e/ou estaduais que possuem notas de corte mais baixas. Um estudante, por exemplo, que tem mais facilidade com a área de humanas e quer Direito ou Ciências Sociais, provavelmente tem mais facilidade com a prova de Linguagens, Redação e Ciências Humanas, mas não deve estudar menos Ciências da Natureza e Matemática se a vontade real é passar numa federal concorrida, o que é o caso de quase todas. Poderia ser um estudante que gosta mesmo é de cálculos e quer a carreira de Engenharia ou Administração, ele não deveria ignorar sob hipótese nenhuma dar menos valor aos conteúdos de Linguagens, Redação e Ciências Humanas. E, da mesma forma, um estudante que tem vocação para Medicina ou Ciências Biológicas, por exemplo, teria que dar praticamente a mesma importância às quatro provas do ENEM mais a redação. É óbvio que há vestibulares mais específicos e universidades, institutos e centros públicos que dão mais peso à nota da prova do ENEM que tem relação com a área profissional, mas cada caso é um caso. Se esse for o seu, cabe uma análise pessoal. Ainda assim, pra passar numa pública que você sabe que é concorrida, certamente será muito difícil se a sua média geral das 4 provas mais redação não for boa. Pelo menos, se uma delas tiver a nota muito baixa, isso será impossível. De nada adianta "bombar" em Ciências da Natureza e Matemática se a média geral for derrubada por Linguagens, Ciências Humanas e Redação e vice-versa.
Outra coisa importante saber, ainda relativo ao parágrafo anterior, é que mesmo os cursos considerados "mais nobres" como Medicina, Direito e Engenharias não ficam muito distantes das notas de corte nas públicas dos demais cursos das mesmas áreas, a não ser algumas exceções como cursos novos ou aqueles que poucas pessoas demonstram interesse em formar. Mesmo alguns cursos de licenciaturas, um grau hierárquico menor a bacharelado, são bem disputados nas instituições públicas. Entretanto, se a intenção é uma universidade pública menos concorrida ou uma universidade privada menos renomada e o curso também não é dos mais disputados como Medicina, estudar mais os conteúdos da área que se quer e se tem facilidade pode até ser melhor do que dispor o mesmo tempo de estudo para todas as áreas. Mas lembre-se, pode! Não quer dizer que vá ser. O fato é que quanto menos a instituição e o curso pretendido forem disputados, a nota de corte será menor e a requisição de notas altas ou média-altas em todas as provas será também menor ou nem existirá. Mas, atente-se que, há uma diferença em quem pode pagar uma universidade privada seja integralmente ou parcialmente e aquele que tentará uma bolsa integral do ProUni, cujas bolsas são poucas, o que ajuda a nota de corte a ficar razoável, ou seja, nem tão alta e nem tão baixa. De qualquer jeito, é você, novamente, que deverá escolher o que é melhor, conforme for a sua intenção ou mesmo intuição: estudar igualmente todas as áreas, estudar mais ou bem mais as áreas de maior afinidade ou um outro caso, estudar justamente mais as áreas de maior dificuldade, o que também pode ser interessante.

Me deixou meio sem rumo.
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