Cursinhos pré-vestibulares que prometem passar o aluno, propagandas que levam à crer que a taxa de aprovação é altíssima, vídeo-aulas na internet, simulados on-line que garantem servir de treino para o ENEM, reportagens que reproduzem dicas comuns de estudo, notícias em portais que listam os assuntos mais frequentes no ENEM como se fossem necessariamente os únicos à serem vistos, páginas na internet que prometem fórmulas mirabolantes pra aprovar no vestibular; livros, CD´S e DVD´S de editoras sem tradição com publicações didáticas e que se dizem especializados no ENEM, pessoas que dizem que a melhor estratégia é estudar apenas os conteúdos que se tem mais facilidade, conselhos de professores que soam como impositivos e confiáveis de aprovação, estereótipos de estudantes que viram a noite à véspera das provas e por um estudo muito intenso num curto período são aprovados, familiares ou mesmo professores com conselhos de formas de estudar da tri-década passada, dicas que sugerem rotinas de estudo curtas, páginas na internet que afirmam ter a "fórmula de uma redação excelente", conselhos simplistas e mitos de que a nota da redação salva a média geral... Cuidado! Não existe uma fórmula secreta para o ENEM. A não ser mesmo um punhado de coisas que relacionam em princípio a autonomia do estudante somada a um bom senso, uma dedicação, esforço, organização, bom aproveitamento do tempo de estudos, rotina, alimentação adequada, saúde em dia, sono adequado, momento de lazer adequado, introspecção e a consciência de que a prova a ser feita, não é "a prova", mas apenas mais um teste avaliativo na vida.
É claro que o estudante pode aproveitar, por exemplo, vídeo-aulas na internet se um assunto explicado pelo professor do cursinho não ficou claro ou mesmo se o estudante estuda sozinho. Pode também usar de simulados on-line para testar os conhecimentos, mas em ambos os casos deve-se ter muita prudência em como considerar tais recursos. As vídeo-aulas podem ser um recurso interessante, mas jamais considerado único. Isto porque, igualmente é importante entender pela explicação de um professor, é imprescindível aprender na prática embora alguns acreditem que somente assistindo à aula ou vídeo-aula, se consiga guardar o conteúdo. Os simulados on-line merecem ainda mais cautela, principalmente aqueles que anunciam testar mesmo os conhecimentos de um estudante para o ENEM. Na verdade, eles até podem ser usados, mas o estudante precisa ter um bom discernimento do que é um simulado e a prova. Ou mesmo o que é um simulado e o que é um bom simulado. Pois tem simulados por aí que dizem ser idênticos ao ENEM e dão um reflexo exato do desempenho do aluno. E não é bem assim! Há simulados com questões mal formuladas ou que pecam no nível de dificuldade e/ou facilidade. Aqueles que dão uma nota de acordo com o número de acertos, ao invés de se aproximarem do ENEM, se distanciam, uma vez que o método usado no ENEM é a TRI (Teoria de Resposta ao Item), que não calcula a nota do estudante simplesmente de acordo com o tanto que ele acertou, mas vários outros fatores. Até mesmo os simulados que utilizam softwares para calcular a nota do estudante com base no sistema da TRI e a média dos estudantes que fizeram o respectivo simulado não é tão confiável. Pois há uma grande diferença na média nacional que envolve milhões de pessoas de todas as idades, níveis de conhecimento e classe social e aqueles simulados feitos na internet com apenas milhares de inscritos. O ideal é que o estudante repita as provas do próprio ENEM, inclusive se submetendo às condições da prova ou então não faça apenas um, mas vários simulados on-line e que sejam oferecidos por páginas confiáveis.
Há coisas, entretanto, que se deve ignorar totalmente ou pelo menos não considerar como uma "verdade-geral". As propagandas de alguns cursinhos induzem ao erro: se vendem como se garantissem que ao se matricular na respectiva escola, o estudante passaria na prova. Não contam, entretanto, que mais do que se matricular numa escola de pré-vestibular, é fundamental que o aluno tenha compromisso com o estudo, interesse e sabedoria em escolher os recursos e orientações que possam lhe serem mais úteis ou não. Portanto, não é necessariamente estar num cursinho pré-enem e pré-vestibular que garantirá a aprovação do aluno numa universidade, até por que, mesmo com menos recursos há pessoas que vencem o desafio do autodidatismo e são aprovadas, enquanto várias outras que já estão repetindo o cursinho pela 2ª vez, por exemplo, possuem mais dificuldade ou requerem melhor e maior experiência para estudar e lidar com a questão do estudo. Mas voltando à questão da propaganda de certos pré-vestibulares país a fora, ainda que sejam propagandas, deviam ser mais cuidadosas e não enganosas. Há também as reportagens que, mesmo com o cuidado jornalístico, são apenas mais uma pauta pro telejornal. Ou seja, divulgam em massa apenas algumas formas mais conhecidas de se estudar ou fazem entrevistas curtíssimas com três ou quatro dicas de um especialista. E, por isso, igualmente podem induzir ao erro, uma vez que nem todo mundo aprende melhor das formas mais conhecidas. Talvez, o melhor, sem dúvida, seja o próprio estudante descobrir a forma de estudo que lhe agrega mais conhecimento. Pode ser uma forma até original, embora é reconhecível que algumas pessoas possam precisar mais serem instruídas do que auto se instruírem.
As páginas que recomendam fórmulas mirabolantes para passar no vestibular e que dizem ter a fórmula da redação nota dez são um perigo. Não existe jeito de passar numa prova mais concorrida se não for pelo caminho do estudo sensato e coerente. Fórmula então que garanta redação nota 10 não existe. O que pode existir em termos de aprendizagem de redigir uma boa redação é muita leitura de mundo, isto é, sobre vários assuntos e de forma contextualizada; uma boa dose de senso crítico, domínio de regras gramaticais básicas, "cabeça aberta" e a prática em si, entre outras coisas. Entretanto, assim como em outros setores, não é diferente com o da educação: existem pessoas que comercializam produtos educativos com soluções espetaculares que chega a beirar estelionato. No caso de mini-livros, CD´S e DVD´S sobre o ENEM com uma "cara mais comercial" a um conteúdo realmente bem planejado, pode-se até ter alguma utilidade, mas devemos nos perguntar o quanto. Será que conseguem mesmo deixar claro para o estudante a matéria? Os textos ou exercícios contidos nos respectivos materiais são mesmo condizentes com os tipos de questões do ENEM? Eles tratam da maioria dos assuntos que caem no ENEM ou só alguns específicos? Foram produzidos por professores com uma graduação de qualidade ou mais ou menos? Enfim, esses e outros questionamentos podem ser feitos pelo estudante que estudará sozinho e talvez seja mais suscetível de comprar um material que se diz próprio para o ENEM, mas pode não ser o mais adequado.
Sobre as pessoas que aconselham estudar apenas os conteúdos que se tem mais facilidade ou, outro caso, aqueles que consideram estudar apenas os conteúdos mais relativos à área profissional desejada, também é necessário refletir um pouco a respeito. Passar num vestibular ou conseguir uma boa nota no ENEM para uma universidade pública mais concorrida pode ser impossível se o estudante estudou apenas conteúdos mais fáceis e que, não ao acaso, são mais fáceis justamente por que se trata da área de matérias que o estudante gosta mais e, por vez, tem relação com a profissão que ele deseja. Mesmo em chamadas posteriores da lista de espera do Sisu, por exemplo, são poucas as universidades federais e/ou estaduais que possuem notas de corte mais baixas. Um estudante, por exemplo, que tem mais facilidade com a área de humanas e quer Direito ou Ciências Sociais, provavelmente tem mais facilidade com a prova de Linguagens, Redação e Ciências Humanas, mas não deve estudar menos Ciências da Natureza e Matemática se a vontade real é passar numa federal concorrida, o que é o caso de quase todas. Poderia ser um estudante que gosta mesmo é de cálculos e quer a carreira de Engenharia ou Administração, ele não deveria ignorar sob hipótese nenhuma dar menos valor aos conteúdos de Linguagens, Redação e Ciências Humanas. E, da mesma forma, um estudante que tem vocação para Medicina ou Ciências Biológicas, por exemplo, teria que dar praticamente a mesma importância às quatro provas do ENEM mais a redação. É óbvio que há vestibulares mais específicos e universidades, institutos e centros públicos que dão mais peso à nota da prova do ENEM que tem relação com a área profissional, mas cada caso é um caso. Se esse for o seu, cabe uma análise pessoal. Ainda assim, pra passar numa pública que você sabe que é concorrida, certamente será muito difícil se a sua média geral das 4 provas mais redação não for boa. Pelo menos, se uma delas tiver a nota muito baixa, isso será impossível. De nada adianta "bombar" em Ciências da Natureza e Matemática se a média geral for derrubada por Linguagens, Ciências Humanas e Redação e vice-versa.
Outra coisa importante saber, ainda relativo ao parágrafo anterior, é que mesmo os cursos considerados "mais nobres" como Medicina, Direito e Engenharias não ficam muito distantes das notas de corte nas públicas dos demais cursos das mesmas áreas, a não ser algumas exceções como cursos novos ou aqueles que poucas pessoas demonstram interesse em formar. Mesmo alguns cursos de licenciaturas, um grau hierárquico menor a bacharelado, são bem disputados nas instituições públicas. Entretanto, se a intenção é uma universidade pública menos concorrida ou uma universidade privada menos renomada e o curso também não é dos mais disputados como Medicina, estudar mais os conteúdos da área que se quer e se tem facilidade pode até ser melhor do que dispor o mesmo tempo de estudo para todas as áreas. Mas lembre-se, pode! Não quer dizer que vá ser. O fato é que quanto menos a instituição e o curso pretendido forem disputados, a nota de corte será menor e a requisição de notas altas ou média-altas em todas as provas será também menor ou nem existirá. Mas, atente-se que, há uma diferença em quem pode pagar uma universidade privada seja integralmente ou parcialmente e aquele que tentará uma bolsa integral do ProUni, cujas bolsas são poucas, o que ajuda a nota de corte a ficar razoável, ou seja, nem tão alta e nem tão baixa. De qualquer jeito, é você, novamente, que deverá escolher o que é melhor, conforme for a sua intenção ou mesmo intuição: estudar igualmente todas as áreas, estudar mais ou bem mais as áreas de maior afinidade ou um outro caso, estudar justamente mais as áreas de maior dificuldade, o que também pode ser interessante.
Além de tudo isso, ainda há os professores que dão um conselho para os alunos como se ele servisse para todos os alunos ou, pior, usam de expressões como "desse jeito você passa", "assim você consegue". Como se somente um jeito de estudo pudesse garantir um bom desempenho. Igualmente, há professores e também familiares que, mesmo tendo uma boa intenção, podem mais atrapalhar do que ajudar com as suas recomendações, como é o caso de recomendações ultrapassadas. Mas, atrapalhar, claro!, se você "aceita-las" sem antes refletir se condiz. E, por fim, dessa postagem, estudar para o ENEM com maiores pretensões não é algo que se faz em um curto período de tempo e num ritmo alucinante. Mesmo se a pretensão for menor, dificilmente você conseguirá "passar no ENEM" sem uma "dedicação proporcional ao que quer". Pode ter certeza que os cursos concorridos e aqueles mediamente concorridos, tanto das instituições públicas quanto privadas, não passa quem "não estudou". São milhares os estudantes que fazem cursinho ou estudam sozinhos em casa que se debruçam sobre os livros, cadernos, folhas, computadores e etc. horas e horas por dia. Às vezes 8h por dia, às vezes mais, e até nos finais de semana. Embora tenha quem estude um pouco menos, talvez 6h por dia e também consiga. Enfim, tudo é muito relativo, mas seria enganoso da minha parte se eu afirmasse que existe uma "fórmula secreta para passar no ENEM". Como deixei bem claro lá no começo, fórmula secreta mesmo só poderia ser estudar e levar em conta muitas outras coisas, várias das quais eu discorri nessa grande postagem. Se lhe ajudou, peço que compartilhe, pois também pode ajudar outras pessoas. Obrigado e boa sorte!
Me deixou meio sem rumo.
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