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31 de outubro de 2011

A Semana de Arte Moderna: o Brasil antes e depois da movimentação artística (7ª Parte)

 A realização da Semana, o ataque à arte do passado, o ataque à burguesia, e a rejeição da imprensa, em favor da elite.

A Semana de Arte Moderna

• Ocorrida em São Paulo em 1922, a cidade tinha as características perfeitas para a realização da semana modernista. Abaixo, Mário de Andrade explica o porquê da escolha da cidade para abrigar o movimento:

“E só mesmo uma figura como ele (Paulo Prado) e uma cidade grande mas provinciana como São Paulo, poderiam fazer o movimento modernista e objetivá-lo na Semana. (...) São Paulo era espiritualmente muito mais moderna, porém, fruto necessário da economia do café e do industrialismo consequente. São Paulo estava, ao mesmo tempo, pela sua atualidade comercial e sua industrialização, em contato mais espiritual e mais técnico com a atualidade do mundo.”

ANDRADE, Mário de. O movimento modernista. In: Aspectos da literatura brasileira. 5. ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1974.

- Em 1922, comemorava-se ainda o centenário da independência política do Brasil.

Abaixo, trecho da conferência de Graça Aranha, na abertura da Semana, em 13 de fevereiro de 1922:

“Para muito de vós a curiosa e sugestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje é uma aglomeração de ‘horrores’. Aquele Gênio suplicado, aquele homem amarelo, aquele carnaval alucinante, aquela paisagem invertida se não são jogos da fantasia de artistas zombeteiros, são seguramente desvairadas interpretações da natureza e da vida. Não está terminado o vosso espanto. Outros ‘horrores’ vos esperam. Daqui a pouco, juntando-se a esta coleção de disparates, uma poesia liberta, uma música extravagante, mas transcendente, virão revoltar aqueles que reagem movidos pelas forças do Passado. (...).”.

As notícias

• Anterior à semana:

“Um grupo de distintos cavalheiros da nossa sociedade vai tentar a organização de um sarau futurista, que será, sem dúvida, o maior escândalo artístico de que se tem notícia, em São Paulo. Cogitam de reunir pintores, escultores, músicos, poetas, enfim, todos os artistas ‘futuristas’, para, no Teatro Municipal, em exposições e conferências com um programa cuja duração será de uma semana, fazerem a propaganda da nova escola artística. (...) O futurismo é, entre nós, a fantasia mais gostosa possível em arte, é a extravagância elevada a impertinentes exageros e tem provocado a mais sincera reprovação. (...) Nós, que pensamos que a grande arte deve ser compreendida por todos, esperamos, cheios de curiosidade, a realização desse certame e prometemos, desde já, a nossa crítica severa contra a iniciativa.”

A Gazeta. São Paulo: 30 de janeiro de 1922.

• Durante a semana:

“Não é só um problema de estética, mas deve ser estudado como fenônemo de patologia mental. Todas as extravagâncias do Futurismo originam-se de um verdadeiro estado de espírito mórbido. (...) Os espíritos fracos que por incapacidade mental não alcançaram o verdadeiro sentido da arte e não atingiram a espiritualidade dos grandes gênios atiram-se ao Futurismo na ilusão de serem ‘incompreendidos’, pois todo futurista se julga um gênio iludido pela pretensa vaidade.”

Folha da Noite. São Paulo: 15 de fevereiro de 1922.

Observe que, o modernismo é sempre tratado como futurismo.

Leia também a 8ª parte deste estudo (CLIQUE AQUI)

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