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28 de novembro de 2011

Impérios Coloniais portugueses e espanhóis (2ª Parte)

 Após a reconquista ibérica pelos cristãos, a disputa entre Portugal e Espanha pelo poder unificado na Península, até a Revolução de Avis e o que vem a ser o Estado para Nicolau Maquiavel.

O poder na Península Ibérica depois da reconquista

• Após a reconquista ibérica, houve importantes mudanças na sociedade da região. Politicamente, o poder foi centralizado pelos monarcas, principalmente em Portugal e Castela, a última, uma região da Espanha. Os monarcas ibéricos controlavam o poder da alta nobreza, diferente do que ocorrera em outros cantos da Europa, além disso, tinham o apreço de cavaleiros e da pequena nobreza, e dispunham das novas terras, às quais concediam a seus vassalos, transformando-os em verdadeiros súditos. Os reis passaram então, assumir posições gerais a respeito de questões jurídicas e administrativas, ou seja, ao contrário do que ocorria em demais partes da Europa ocidental, o rei não era apenas mais um senhor feudal.

• Os monarcas também obtiveram o apoio de organizações de homens livres das cidades, ao mesmo passo que estimulavam tais organizações e as subordinavam. E também contaram com o apoio da Igreja, que, pela posição dos monarcas contra os muçulmanos, passaram a ser vistos e tidos como “monarcas a serviço de Deus”. Dessa forma, os reis ibéricos rejeitavam a visão de Maquiavel quanto ao Estado e assumiram verdadeiramente, o dever de ajudar a construir o império de Cristo na Terra, evidentemente, segundo os costumes da época. A reconquista da Península Ibérica seria apenas o início dessa missão.

Portugal e Espanha

• No final do século XIII, Portugal estava consolidada quanto à conquista de seu território, e apresentava traços políticos marcantes de centralização. No resto da Península, reinos cristãos começavam a se unir e formar novas regiões que resultariam na formação da Espanha, esta, criada a partir da fusão da monarquia de Castela à de Aragão, no século XV. Muitas dessas uniões de reinos eram feitos através do casamento.

Portugal e Espanha, a disputa pelo poder unificado na Península Ibérica

• O grande objetivo político das monarquias ibéricas, de Portugal e Espanha, era a unificação da Península sob o poder de apenas um rei. Dessa forma, ao final do século XIV, resultado de várias fusões entre as monarquias que originaram a Espanha, Portugal esteve prestes a ser incorporada aos domínios de Castela, ou seja, espanhóis. Mas um movimento político, conhecido como Revolução de Avis, impediu que isso acontecesse.

A Revolução de Avis

• Em 1385, D. João I, irmão bastardo do antigo rei e mestre da ordem de Avis, subiu ao trono de Portugal, no episódio que ficou conhecido sob o nome de Revolução de Avis. Durante mais de duas décadas, tropas portuguesas enfrentaram as tropas castelhanas. A nobreza, por sua vez, dividiu-se entre apoiar D. João ou as pretensões de Castela; já a burguesia passou a fornecer recursos financeiros ao novo rei português viabilizando o recrutamento de soldados mercenários. Além desses, artesãos, camponeses e clérigos também participaram do movimento.

Portugal e Castela

• Com o sucesso da Revolução de Avis, Castela não incorporou Portugal, e tanto Portugal como Castela, esta terra espanhola, passaram a construir os seus próprios estados modernos. Institui-se a moeda única, o que facilitava as transações mercantis, o clero e a nobreza foram compensados pela distribuição de cargos e funções burocráticas.

O Estado para Maquiavel

• Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi um homem participante do Renascimento e funcionário do Conselho de Guerra de Florença, além de autor de O Príncipe. A obra literária escrita por Maquiavel aconselhava os chefes de Estado a agir contra a caridade, a religião e a boa fé para garantir a força do Estado. Assim, Maquiavel pensava:

“Bom para os amigos, terrível para os inimigos, justo com os súditos e infiel a todos os outros.”

- Para Maquiavel, só um líder que utilizasse a força como princípio, em momentos conturbados, poderia manter o seu governo; ou seja, não importa se tiver que agir de má-fé, o importante é, sobretudo, os resultados a serem obtidos. Maquiavel era um pessimista em relação ao progresso da humanidade, e durante a sua vida, assistiu ao processo de fortalecimento das monarquias portuguesa, espanhola, francesa e inglesa, os Estados Modernos, como são definidos atualmente. Tal definição por Estado, só veio a ter, de fato, o seu sentido com a obra maquiavélica. Anteriormente, as organizações políticas eram dadas pela denominação de Communitas Christiana, uma espécie de espaço político-religioso, existente em praticamente toda a Europa cristã. Só mais tarde, vieram a assumir a denominação por Estado, que rejeitava a visão escolástica dominante de que o Estado seria uma criação divina, e sendo assim, o governante deveria proceder segundo os princípios morais cristãos.

Leia também a 3ª parte deste estudo (CLIQUE AQUI)

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